💅🏻 Violência nunca é a resposta...
Precisamos fomentar uma cultura política de paz. Mas... 🪑
Há muita gente achando essa imagem absurda.
E ela é mesmo.
É o retrato da degradação nua e crua do debate político. Não tem para onde correr. Com todo respeito aos habitantes do distinto lugarejo, mas ela não ocorreu no Município de Beiras de Judas. Ela envolveu dois candidatos à prefeitura da maior cidade da América Latina. A capital da locomotiva do Brasil. Blá, blá, blá. Vocês tão fodido.
Enfim, é ruim e você sabe disso.
💅🏻 However…
Ela começa a ser rascunhada quando um sujeito escolhe usar a tragédia pessoal de uma candidata como impulso para seu alpinismo eleitoral. Não só ele tenta capitalizar em cima do sofrimento alheio, como ainda joga a culpa do ocorrido sobre ela. E isso lhe garante as manchetes tão desejadas. Aqui, era apropriado uma reação conjunta, independente de partido ou ideologia, para reforçar o traçado desde sempre: família, fora da política, não se ataca.
Fizeram isso? Não fizeram.
💅🏻Tipo assim…
Ela ganha cores quando esse mesmo sujeito decide, com ajuda de comparsas tão picaretas quanto, espalhar que um outro candidato é viciado em cocaína. Com charadinhas, gestuais e muitas postagens difamatórias. Quem entra na política sabe que vai ser vidraça mesmo, e que a lama faz parte do showbusiness. Mas o impacto da mentira na vida das filhas, que passam a chorar com os ataques mentirosos que o pai sofre, comove qualquer um com um pingo de caráter. Já o sujeito em questão, faz troça e dobra a aposta.
Dizem que a mentira corre o mundo enquanto a verdade calça o tênis. Na verdade, às vezes, ela tem um pezinho 43 tentando calçar um calçado 37. Graças ao bom jornalismo, a palhaçada prevista para arruinar a reputação do candidato na tela da Globo foi exposta e, por ora, neutralizada. Mas o estrago está feito. Vai fazer o quê? Mandar dois brutamontes segurá-lo, enquanto o força a engolir 1 kg de farinha de trigo? Bem que eu gostaria de ver essa cena, mas nem todo mundo está disposto a baixaria.
💅🏻Partir pra baixaria é equalizar o diálogo…
Esse elemento professa duas práticas irresistíveis para quem gosta de ser enganado: coaching1 de Instagram e teologia da prosperidade. Com muito treinamento em comunicação persuasiva, ele sabe o que falar pra atrair você, que está sem eira, nem beira, buscando um propósito na vida para se reinventar. Pra deixar de se sentir um fracassado. Para ter foto bonita e uma história de superação para mostrar aos outros nos stories. Nem que te custe morrer de hipotermia. Vai lá, formiguinha, que ele é doce.
Mas proposta mesmoooo, não tem, não. Quer dizer, destacam-se entre as genéricas um prédio de 1 km e teleféricos pela cidade. Resta fazer espetáculo. Ele mesmo admite que comporta como esse boi em fúria porque o eleitor é idiota. Alguns candidatos dizem até que recebem mensagens cordiais após o show de horrores que o Monga de Boné faz em frente às câmeras. Jogo de espelhos pra atrair a atenção de quem deseja se enganar, buscar uma atividade gameficada para se dizer politizado e vencer pelo cansaço os demais candidatos.
💅🏻”É brinCADEIRA…”
A pincelada final vem do outro personagem da imagem. Acostumado a falar sozinho por três horas diariamente sobre as mazelas do estado de São Paulo, agora ele precisa ouvir os outros, inclusive jornalistas com perguntas inconvenientes. Para sua surpresa e dos marqueteiros, que eu imagino terem enchido o saco esse tempo todo, com seus envelopes com estudos de viabilidade eleitoral, sua audiência na TV não se converteu em intenção de voto. Enquanto mingua nas pesquisas e afunda no mau humor que o fracasso da empreitada cria, lá vem eleeeee, o Monga de Boné encher o saco. Pior, retoma o expediente de fazer ataques baixos, que lhe atingem no âmbito pessoal.
E ainda por cima, aparece um homem espiritualmente fantasiado de gorila com um boné ridículo lhe enchendo o saco. Claramente precisando de uma mentoria.
O que o Marçal fala mesmo nas palestras, em seus livros? “Faça uma loucura hoje”, algo do tipo, não é?
Datena pega uma cadeira.
E a loucura acontece.
🪑 A cadeirada foi o de menos.
Absurda. Um gesto antidemocrático. Quando acabam os argumentos, sobra a violência. A bestialização da política. O fracasso civilizacional. VergonhAAAa.
Há uma tática entre os novos-políticos de abrir mão do decoro e esticar a corda até ver onde vai dar. Vamos ver se arrebenta. Cabe a um lado só da discussão o esforço hercúleo de não deixar o nível cair ainda mais. Nesse episódio, tivemos um fim diferente. É como dizem em Beira de Judas: remédio pra doido é um doido e meio. Tô dizendo que foi certo? Não. Tô dizendo que foi errado? Quem sou eu?
Pro forma, enquanto cidadãos, o papo é lamentar que essa cena tenha ocorrido mesmo. Ela prejudica a oportunidade de exposição de ideias que levam o eleitor a fazer uma escolha consciente do melhor candidato. Sabemos disso. Bandeira branca, amor, eu peço paz. Mas precisamos ter consciência que as agressões começaram bem antes. Essa foi só a mais explícita mesmo. Dolorosa eu já não sei.
Mas, no fundo, no fundo, não tem ninguém julgando muito o Datena, não. Nem mesmo o mais ponderado.
Da minha parte, desejo que a cadeira vire um objeto exposto no MASP. Vai dizer que o subtexto de um idoso batendo com um banco em um condenado por roubar dinheiro de idoso do banco não merece ir ao museu?
A cornetada do amigo é mais dolorosa
Há quem questione o possível ganho que o Marçal obterá com isso. Eu sei lá. A oportunidade de gravar um vídeo cafona dentro da ambulância, como se ele estivesse pra morrer? Isso ele já fez. Ficou tão ridículo que nem seus fãs mais assíduos, que tem M cabeça, aguentaram o e excesso de dramaturgia. Confira:




2000 se inscreveram nessa newsletter que eu nem reviso e eu não sei o que dizer
Só sentir. 2000 é um número forte. Lembra bug do milênio. Eleição de George W. Bush. Sandália gladiadora. Em linguagem de coaching, muita gratidão pela resiliência de vocês em me acompanhar, seja onde eu for. Vou tentar transformar esse canal em nosso espaço para trocas mais diretas, para a gente conversar… Sei lá. Vamos descobrir juntos. E se você quiser pagar um esmalte branco para que eu reforce que sou a favor da paz, doe, é uma causa nobre.
Essa é uma baita generalização, causada pela má conotação que a palavra e a prática ganharam. Existem, sim, bons profissionais de coaching que ajudam seus clientes a organizar suas vidas e carreiras, prosperar, melhorar, encontrar um rumo… Enfim, vocês cinco são incríveis.
Quem somos nós para julgar uma caldeirada num filho de uma puta, não é mesmo Jairme? Perfeito texto, como sempre! Estou num misto sem aguentar o que o Brasil nos proporciona com uma vontade imensa de que toda semana tenha um acontecimento assim pra que você venha escrever sobre!
Nesses casos de Marçal, a violência não é a resposta.
Violência é a pergunta.
A resposta é SIM!